O desaparecimento da internet

Banda larga, Wi-fi, 3G e para completar, cloud computing. Quanto mais cresce, mais a internet parece ficar invisível.

Você pode ter tentado ignorar a internet há alguns anos, mas aí surgiu o google, o MSN, o orkut e hoje, mesmo que você seja uma vovozinha septagenária, sabe o que é e provavelmente depende dela para alguma coisa na sua vida.

Ok, se você está lendo este blog, você não é uma vovozinha septagenária (se for, pelamordedeus me mande um email).

Mas o fato é que a internet cresceu, e cresceu muito, nesta última década. Aposentados participam de comunidades em redes sociais, enviam PowerPoints a torto e à direito, conversam com netinhos distantes pelo Skype. Jovens tuitam pelo celular,  lotam lan-houses, compram, namoram e até ganham dinheiro pela internet.

A internet está se tornando onipresente. Está no escritório, em casa, no celular, na cozinha, muito em breve estará no carro (alguns aparelhos de GPS já se aproveitam da conexão do seu celular para acessar dados).  E o que antes necessitava de um cabo telefônico e o ruidoso som de placa fax-modem para nos lembrar que estava presente, hoje faz tudo silenciosamente. Seu celular ou netbook se conecta automaticamente a uma rede wi-fi quando a identifica, usa a conexão 3G somente quando necessário. Ao usar o Google Maps no telefone você está acessando a internet e nem sabe.

O prognóstico para as próximas décadas é que não exista mais o conceito de conexão, pois todos estarão conectados o tempo todo. A internet tende a se tornar irrestrita, mais até que a energia elétrica.

Essa evolução do acesso criou o substrato necessário para outra tecnologia, o cloud computing, ou a computação na nuvem.  Se você ainda não sabe o que é isso, provalmente já deve ter usado algum serviço desses.  Computação na nuvem é um conceito que abriga todo o tipo de transferência de dados ou de processamento para outros computadores através da rede. Por exemplo: você coloca suas fotos no Picasa ou Flickr. Isso é cloud computing (anos atrás suas fotos só poderiam estar no seu hd, em algum CD). Hoje, com o Google Docs, você nem precisa ter um processador de textos como o Word no seu computador. Você acessa o site e redige o texto como se fosse num programa instalado na sua máquina. Aí salva o arquivo na nuvem (ou seja, nos computadores do Google).

As vantagens da computação em nuvem são muitas. Você pode acessar seus documentos de qualquer computador. Não tem mais aquela história de esquecer o pen-drive ou ter que gravar um cd com algumas fotos para mostrá-las no computador da sua amiga. Você também pode criar documentos de texto, apresentações de slides, planilhas e até retocar imagens sem ter que comprar nenhum programa, em qualquer computador. Tá na praia, esqueceu que tinha que terminar um trabalho? Vai na lan house e termina. O arquivo tá lá e o programa também.

Foi a computação na nuvem que permitiu a criação dos netbooks, computadores ultraportáteis feitos para acessar a internet. Não é mais necessário um grande Hd (suas fotos, documentos, videos estão na nuvem), nem um processador tão potente (os computadores do Google, por exemplo, se encarregam de retocar as imagens, processar os documentos, converter os vídeos).

Internet?? Não sei o que é isso não. Só estou fazendo umas pesquisas aqui no meu tablet...

Essa é a tendência. A internet, à medida que se amplia, vai desaparecendo, tanto no tamanho dos aparelhos como na necessidade de se preocupar com os meios de conexão. E você, que se apaixonou pela rede quando ela surgiu, pode ir se despedindo, pois ela vai sumir sem você perceber. E aí, sim, ela estará em todos os lugares.

A parte boa da computação na nuvem é óbvia. O problema é que a parte ruim é absolutamente esquecida por todos. E qual é a parte ruim? Privacidade e segurança. Sim, todos os seus dados estarão na nuvem: textos, fotos, videos, planilhas, apresentações. Tudo guardado em servidores seguros de empresas seguras como o…Google! Ops, semana passada hackers chineses invadiram o Gmail de ativistas pró-direitos humanos. O Google rodou a baiana, ameaçou sair da China, implementou medidas de segurança mais severas no seu email, mas, na minha opnião, a poeira vai baixar e nada vai acontecer. Isso quer dizer que bandidos ou governos mal-intencionados, se tiverem capacidade técnica, podem invadir suas contas e acessar seus dados. Você pode dizer: “ok, quem vai querer fazer isso comigo, não sou ninguém, nem rico nem famoso?” O que eu quero dizer é que existe a possibilidade e, se existe a possibilidade, uma hora isso realmente pode acontecer.

No começo de janeiro um inglês, indignado pelo atraso do seu vôo, postou no twitter que iria explodir o aeroporto. Não deu outra: foi preso (confira aqui). Ninguém estava atrás  dele, que não era rico nem famoso, mas monitoravam palavras-chave no Twitter. A combinação “explodir” e “aeroporto” acionou o alarme. Rastrearam a postagem, descobriram o perfil do sujeito, localizaram-no e prenderam-no, depois de uma semana. Será que ele era realmente um terrorista? Será que tinha idéia de que podia estar sendo monitorado? Era uma ironia, uma brincadeira ou o cara era um maluco?

Isso é a falta de privacidade na era da Internet onipresente. Você acessa tudo e todos acessam você.

A Venezuela era um país democrático até uns anos atrás. Agora o Hugo Chavéz fecha emissoras de TV, diz que o PlayStation é má influência para as crianças e vence eleições com incríveis 90% dos votos. Hoje, o Brasil é uma democracia, mas amanhã, ninguém sabe. O mesmo pode ser dito dos EUA, França etc.

Outros probleminhas: imagine ter seus documentos na nuvem e um dia alguém explode um servidor ou um hacker super do mal apaga tudo de lá. Ou mais, imagine estar na praia e lembrar que esqueceu de terminar um trabalho (lembra do exemplo?). Você vai a uma Lan House e o site está fora do ar. Seria melhor ter tudo ali com você, não?

Não acho que os problemas invalidem a computação na nuvem nem a onipresença da Internet, mas acho que devem ser levados em consideração. Todos, ao usarem esses serviços, devem se lembrar dos riscos inerentes. Eu uso e adoro tudo isso, mas também estou muito atento ao ambiente político que me cerca e leio notícias sobre ataques e invasões de hackers. Recomendo o mesmo para você.

Resumindo, no futuro teremos aparelhos fantásticos, conectados ao ligar, e que nos oferecerão serviços e recursos poderosíssimos sem precisar armazenar nada neles . Todos os dispositivos serão assim:  netbooks, tablets, celulares e até os simples MP3. De fato, não mais pensaremos na internet, pois ela estará sempre ali. Não haverá modo off-line para nos lembrar dela.

Quer saber mais?

Links sobre Computação na nuvem:

Definição na wikipedia

How Stuff Works. Site um pouco desatualizado, mas com boa abordagem.

Avaliação sobre como o caso do Google na China influenciará a computação na nuvem.

Post aqui do Geração Beta a respeito da briga entre Apple e Google, que envolve vários conceitos da computação na nuvem.

Prós e contras da computação na nuvem, com enfoque em sua utilização corporativa.

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