Vagam pelas noites vazias. À companhia, piolhos e o ronco da barriga. Pés imundos, casco duro, acostumados a porrada, escarro e descaso. Ao andar cambaleante e decidido, precede o anúncio da brisa, que revela a putrefação do corpo e a degradação do ego.
São loucos que dormem enquanto trabalhamos, largados na calçada. O cobertor de papelão anuncia nossos sonhos de consumo, a nova televisão esconde o que não queremos ver. As feridas expostas, os cancros, as secreções ferem nossos sentidos, nossa moral, nossa razão. É dificil crer que exista alma debaixo de tanto asco. E passamos por eles, cerrando os olhos, os narizes e o coração, fingindo serem apenas assombrações. Mas não são.
A mesma matéria, a mesma centelha. E eis que são espelhos retorcidos. E o que nos mostram, a não ser quem somos?
E nessa estrada infindável, vejo, com esperança, que estão à minha frente, marcando o caminho com seu sangue impuro, deixando-o como esmola. Eles que estão tão perto, que já abandonaram-se ao destino, será que podem dar alguma notícia quando chegarem lá?
Os melhores títulos de livros que não li
Dizem que não se deve julgar um livro pela capa. Eu julgo. Não pela riqueza das ilustrações, pelo estado de